Os Infinitos Azares do Pato Donald
Por Rivaldo Ribeiro. Seu nome completo é Donald Fauntleroy Duck (esse nome do meio foi revelado em 1942, quando um curta animado exibiu nada menos do que sua convocação para o alistamento militar). Nasceu no dia 13 de março. Uma sexta-feira. Mora na Rua das Flores nº 13. E seu estimado carrinho tem a placa 313 (que pode ser interpretada como 3-13, ou 13 de março, no formato americano de datas).
Seria Donald tão azarado por causa de tantos números 13 em sua vida? Ou será que sua propensão a trapalhadas, ansiedade e pavio curto são os verdadeiros fatores que o levam constantemente a transtornos e perdas? O caso é que Donald conquistou o público justamente com esses azares infinitos, os quais, convenhamos, em boa parte das vezes, são apenas consequências dos problemas que ele mesmo procura.
É bem possível que a empatia dos leitores com Donald resida no fato de que todos nós, de uma forma ou de outra, passamos pelas agruras do dia a dia que ele enfrenta. Como qualquer pessoa estressada, muitas vezes a impaciência do Donald é o que o leva a perder o emprego, brigar com um parente ou afugentar a namorada.
Por isso, os quadrinistas insistem em colocá-lo em situações em que ele tenta inutilmente controlar seus ânimos. Quando isso acontece, todo mundo já sabe de antemão que não tardará a explosão, pois Donald não consegue se conter por muito tempo.
E que tal confrontar o destempero e a sina de azarado do Donald com a presença confiante e incômoda do sujeito mais sortudo do mundo? O ganso Gastão, que, além de tudo, vive paquerando a Margarida, é a pedra no sapato do pato. É o primo para quem tudo dá certo e que sempre se dá bem, em franco antagonismo ao parente desafortunado.
Bem, talvez nem sempre Donald tenha que se dar mal, ainda que isso surpreenda seu fãs, como acontece na HQ que fecha este volume. Na maior parte das vezes, porém, a sorte bate à sua porta logo de cara, mas o abandona pelo caminho, transformando aquilo que parecia promissor em mais azares, confusões e irritação.
Isso quando ele mesmo não joga no lixo a oportunidade de reverter sua má sorte, como podemos conferir na sensacional HQ O Amuleto Milagroso, na qual contracena com o Peninha.
A impulsividade é outra característica do Donald que se torna obstáculo intransponível em sua vida. Veja, por exemplo, a solução que o pato irascível encontra para acabar com seu problema de descontrole frente à televisão.
Justiça lhe seja feita, no entanto. A personalidade dominante do Donald não é sua má sorte, nem seu desatino, mas sua visão otimista e alegre da vida. Adorado por toda a família, ele é um batalhador que acorda cedo todos os dias para prover sua casa e cuidar de seus sobrinhos.
E, mesmo trabalhando pesado e ganhando uma ninharia do Tio Patinhas, de quem é herdeiro direto, Donald no fundo sabe que o dinheiro não necessariamente traz felicidade.
Há, enfim, uma sabedoria tocante nesse pato que o faz mais forte do que todos os seus azares.
A Ferradura da Sorte
Desenhos: Giorgio Cavazzano
Produzida em abril de 1969
Ferraduras nunca foram garantia de boa sorte para o Donald, mas desta vez o pato está prestes a virar o jogo a seu favor. Numa disputa de arremesso de ferraduras, ele trapaceia para levar a melhor. Mas será que sua sina azarada vai permitir isso? Com a publicação desta HQ inédita no Brasil, prestamos uma pequena homenagem à memória de Rodolfo Cimino, que morreu em março de 2012 aos 84 anos.
Roteiro: Kai Vainiomäk
Desenhos: Euclides K. Miyaura
Produzida em janeiro de 2011
Donald, fanático torcedor do time de futebol de Patópolis, precisa de um aparelho de televisão bem durável, que resista a seus ataques de nervos enquanto acompanha os lances. Destaque para a arte do desenhista brasileiro Euclides K. Miyaura nesta HQ inédita no Brasil.
Roteiro e Desenhos: Carlo Gentina
Produzida em setembro de 1984
A vida de Donald é igualzinha à da maioria da população adulta: acordar cedo e pegar no batente. Um sonho vai lhe mostrar que essa situação não é tão ruim quanto parece. Viver como bilionário pode ser... entediante. História inédita no Brasil.
Roteiro: Sergio Tulipano
Desenhos: Marco Pavone
Produzida em abril de 2004
O Professor Ludovico presenteia Donald com um antigo amuleto que, comprovadamente, traz sorte a qualquer mortal que o possua. Qualquer mortal, menos um certo pato de Patópolis. Mais uma trama totalmente inédita no Brasil.
Roteiro: Rodolfo Cimino
Desenhos: Giorgio Cavazzano
Produzida em dezembro de 1991
Donald sai com os sobrinhos em busca de ajuda profissional para acabar com seu azar e encontra um índio que está à procura da mesma coisa. Publicada uma única vez no Brasil em PATO DONALD 2089 de 1996.
Editora Abril, coleção em 20 volumes semanais, 100 páginas cor, formato 14,7 x 20,7 cm, R$ 10,00
Editor: Paulo Maffia
Desde
que surgiram, nos anos 1930, os quadrinhos Disney foram sendo
construídos com personagens e situações marcantes que imprimiram
lembranças indeléveis em nossa memória. Formou-se em torno de cada um
deles – Mickey, Donald, Patinhas e tantos outros – uma mitologia tão
rica e complexa que ela passou a ser automaticamente reconhecida aos
olhos do mundo. Com o passar do tempo, tornou-se desnecessário explicar a
quem quer que fosse que Mickey namora a Minnie, que seu melhor amigo é o
Pateta e que ele tem embates colossais com dois vilões que amamos
odiar: Mancha Negra e João Bafo-de-Onça. Igualmente dispensável
tornou-se apresentar Donald – sujeito irritado, azarado, que não
consegue manter um emprego – ou o Tio Patinhas, sempre acossado pelos
terríveis Irmãos Metralha, pelo milionário rival Patacôncio e,
principalmente, pela Maga Patalójika, determinada a roubar a primeira
moeda do velho muquirana para fazer com ela um amuleto e transformar-se
assim na bruxa mais poderosa do mundo.
Nesta nova grande coleção da Editora Abril, reunimos os assuntos
prediletos que orbitam o universo Disney. Assim, ao se deparar com
títulos como Tio Patinhas versus Maga Patalójika, Os Problemas Domésticos do Pateta e Os Infinitos Azares do Pato Donald,
você sabe exatamente o que esperar: histórias que mostram a natureza
dos personagens, os hábitos, o comportamento recorrente, as brigas, as
rixas, os desafios, os laços de família e amizade. A cada volume, um
novo tema. Em cada tema, uma formidável compilação de histórias em
quadrinhos, clássicas e inéditas, que, acreditamos, serão tão preciosas
para você quanto a Número Um é para o Tio Patinhas ou o 313 para o Pato
Donald. Mais que preciosas, essenciais.
A COLEÇÃO:
#1 — 9/mar: Tio Patinhas
Versus
Maga Patalójika
#2 — 9/mar: Donald
e seus Sobrinhos
#3 — 16/mar: Os Problemas Domésticos do
Pateta
#4 — 23/mar: Tio Patinhas
e a
Moeda Número Um
#5
— 30/mar: Mickey e Minnie
#6 — 6/abr: Donald e seus Primos
#7 — 13/abr: Mickey
Versus
Mancha Negra
#8 — 20/abr: As Grandes Aventuras do
Superpateta
#9 — 27/abr: Tio Patinhas Versus
Irmãos Metralha
#10 — 4/mai: Mickey Versus
João Bafo-de-Onça
#11 — 11/mai: Donald e Margarida
#12 — 18/mai: Os Passatempos Malucos do
Pateta
#13 — 25/mai: As Grandes Viagens do
Tio Patinhas
#14 — 1/jun: Mickey e Pluto
#15 — 8/jun: Os Infinitos Azares do
Pato Donald
#16 — 15/jun: Pateta
e seus Antepassados
#17 — 22/jun: Tio Patinhas
Versus
Patacôncio
#18 — 29/jun: Donald
e
seu Carro 313
#19 — 6/jul: O Detetive
Mickey
#20 — 13/jul: Donald
e seus Empregos que Não Duram
Adoro os textos de introdução na Essencial Disney. É muito importante o leitor estar preparado para ler as hqs selecionadas, e os textos tem essa capacidade de ambientação do personagem e/ou tema. Maravilha esse texto do Rivaldo. O Donald é isso tudo mesmo, e por isso o estimamos tanto. Ele é o pivô central dos patos, e por ele passam todos os outros personagens e suas histórias. Claro que "Os Infinitos Azares do Pato Donald" é mais uma de suas facetas adoráveis, e em virtude disso essa edição é "essencial" e aí, o título da coleção já diz a que veio: Essencial Disney, simplesmente, imeperdível...
ResponderExcluirExcelente...mas um vol. com HQs do meu Mestre Cavazzano!;)
ResponderExcluirEu ando vendo alguns conteudos classsicos do Cimino saindo aqui e ali em algumas publicações abril/disney. Acho bacana essa "pequena" homenagem, mas eu gostaria muito de um especial mais dedicado a esse grande mestre italiano, nos mesmos moldes que o Vicar... adoraria conhecer mais um pouco da historia e das fases dele por meio de um almanaque, fosse do donald ou do tio patinhas. Sei que ele tem hqs muito longas as vezes e que isso é um problema para os almanaques de 80 paginas, mas ainda assim eu gostaria... nem que reunissem um do Donald e Patinhas e fizesse uma rodada de 160 paginas de Cimino.
ResponderExcluirE aproveitando esse volume dedicado ao Donald posso dizer que são exatamente esses tipos de historias e HQs que sinto muita falta na mensal do personagem, que hoje em dia é basicamente feito com historias da produção dinamarquesa. Me entristesse ver a produção italiana do Donald jogada a escanteio. Essas historias saissem regularmente nos anos 90, quando a PD tinha 68 páginas, e nem por isso o material dinamarques deixava de cumprir seu papel. Vide o belíssimo exemplo que é a HQ que fecha a edição com o Cavazzano que saiu por aqui em 1996.
Eu queria uma Pato Donald mais assim, fluente em diversas produções e não apenas nas HQs Dinamarquesas. Não que a mensal esteja ruim, não está, mas sinto falta. Revista raquítica dá nisso, por melhor que seja, ela sempre vai deixar faltar algo...
E que diabos que Essencial Disney fica melhor a cada semana e está acabando... volto a dizer, do jeito que está, ela merecia ser extendida para mais 20 edições.
A coleção está realmente muito boa, mas não comprei outros volumes além do 1 e 2. Não que eu não queria ter comprado, mas ia ficar muito caro pra um adolescente que só ganha mesada. :P
ResponderExcluirEu iria comprar os outros volumes na Loja da Abril Online, mas eles não colocaram nada pra vender ainda, nem sei se irão colocar.