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25 de fevereiro de 2014

Laerte, agora também chargista

O cartunista Laerte estreou hoje sua charge semanal na página de Opinião da Folha de S.Paulo

Irá se revezar no espaço com Angeli, Jean Galvão, Benett e João Montanaro. 

Laerte já publica, na Ilustrada, a tira diária Piratas do Tietê e o quadro semanal Laertevisão. Para a Folhinha, toda semana, produz Lola, a única tira onde ainda usa personagens. 



Charge de estreia de Laerte na página 2 da Folha, hoje


Sua estreia como chargista ocorre em meio a nova discussão, na seção de cartas do jornal, sobre a fase "sem personagens" de sua obra. 

Tempos atrás, alguém reclamou da "nudez desnecessária" em suas tiras. Agora, depois de Janio de Freitas ter revelado em sua coluna incompreensão com uma tira em que Laerte representou Millôr Fernandes declarando ser gay ("ele não era gay, não", registrou Janio), leitores voltaram a se posicionar contra ("incompreensível", "sem graça") ou a favor ("privilégio encontrar sua arte diariamente") do artista. 


Como de praxe, Laerte não deixa ninguém falando sozinho. Se no caso da "nudez desnecessária" ele respondeu com uma série de tiras irônicas, desta vez ele respondeu no próprio espaço do leitor: 

"As queixas — 'não entendo', 'não vejo graça' — confirmam minha interpretação de que há uma leitura 'pré-moldada' da página de tiras, uma expectativa de um discurso cômico, simples e produtivo. Nem sempre a imprensa contemplou essa expectativa — houve tiras que eram de aventura, tiras que tinham discursos poéticos, tiras que faziam pequenas crônicas do cotidiano." 

O artista também defendeu Angeli, igualmente criticado por um leitor: 

"A página de quadrinhos da Folha — onde Angeli e eu publicamos — vem proporcionando uma grande variedade de experiências estéticas." 


A tira de Laerte referida por Janio de Freitas: publicada no dia 19/fev/2014


E explicou, enfim, a tira referida por Janio de Freitas — uma explicação à moda Laerte, claro. Se não, não estaria à altura de sua obra: 

"Cruzei dois discursos — um desenho alegórico colado sobre uma narrativa de diálogo — como algo entreouvido, em segundo plano. Não há significado em código, ali — nada que exija um conhecimento especial. Só uma mente aberta."

Entendeu? Pergunta-se: é para entender? Precisa "entender", por quê? Um apreciador de formas e cores todo dia tem à disposição a tira de Laerte para se deleitar. E, provavelmente, deve concluir que nem sob o efeito do maior alucinógeno conseguiria criar algo semelhante. Não é muito? 


Por E. Rodrigues

2 comentários:

  1. Eu acho que charge não é o espaço para apreciarmos "formas e cores". Mas pelo discurso do Laerte basta pensarmos que ele está "ampliando os significantes e significados da charge", essas coisas. Eu gostava do Laerte que se comunicava com o leitor comum, que, por sua vez, não precisava ser um entendido, um decifrador de signos. Acho os quadrinhos-cabeça da "Folha" um porre - afetados, pretensiosos e muito vazios (generalizando, claro, pois existem exceções blá, blá, blá...). Prefiro os "caretas" Recruta Zero, Turma da Mônica e Hagar, por exemplo. Mas não é necessário também ficar no velho modelão: tem muita coisa boa além do universo Jornais Paulistanos (na internet, inclusive).

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  2. Cheio de ilustradores ótimos no país, e nenhum deles tem espaço na mídia. E aí, dão espaço para alguém que não precisa. E é assim que o Brasil funciona.

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