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14 de setembro de 2011

PATETA FAZ HISTÓRIA #7 — set/11

Por E. Rodrigues & Rivaldo Ribeiro

Ingênuo e sonhador. O papel de Dom Quixote cabe como uma luva em Pateta. Clarabela, por sua vez, transforma a feiosa e sem graça Aldonza Lorenzo na formosa dama Dulcineia — pelo menos nos delírios quixotescos. Numa HQ onde também João Bafo-de-Onça ganha bastante destaque, Pateta Quixote é o episódio inédito deste PATETA FAZ HISTÓRIA #7, que abre com Louis Pasteur sendo vivido por nosso astro — que tem a brilhante ideia de incendiar Paris inteira para pasteurizar o leite consumido na cidade!


PATETA FAZ HISTÓRIA como Louis Pasteur
Por Planeta Gibi. Em 1888, foi inaugurado em Paris um instituto batizado com o sobrenome de seu diretor-fundador, o prestigiado cientista Louis Pasteur, então sexagenário. E é nesse evento que começa e termina nossa próxima história, que utiliza o recurso do flashback para relatar as dificuldades enfrentadas por Pateta Pasteur para provar e por em prática suas teorias, sobretudo aquelas ligadas aos microorganismos.

Dessa vez, a participação de Mickey é tímida e limitada ao tal evento, onde atua como um repórter e ajuda Pateta a entender a grandiosidade de sua própria obra. A aparição de outras figuras Disney na história são apenas sugeridas, como num arremedo de Prof. Pardal na plateia da página 5 e no boneco que lembra o Tio Patinhas (ou seria o Prof. Ludovico?). Além disso, nosso protagonista menino surge vestido com o uniforme de marinheiro típico de Donald. Do lado do mal, uma misteriosa mistura de Mancha Negra com Dr.Tictac (vilão de Superpateta criado por Paul Murry) leva Pateta ao confronto com um tal de Napoleão 14 (que se parece mesmo é com Porcolino).

As descobertas científicas de Pasteur são todas envolvidas por exageros absurdos na HQ. Para se ter uma ideia, Pateta tenciona incendiar Paris inteira para conseguir pasteurizar os 2 milhões de litros de leite que são consumidos na cidade. Quando se põe a investigar a causa do mal que aflige os bichos da seda, enrola-se em esparadrapos a passa a se comportar como um dos vermes. E no teste de vacinação contra a raiva, inverte-se a realidade e Pateta põe-se a perseguir o garoto pestinha que teria mordido o cachorro.

Os elementos comuns aos episódios de Pateta Faz História se fazem presentes. As piadinhas de fundo têm bons momentos, como na cena do sujeito fugindo com a Torre Eiffel numa carroça. Dentre as figuras históricas citadas temos Edward Jenner, conhecido como o criador da vacina contra a varíola, e Hipócrates, o "pai da Medicina" — que tem seu célebre juramento resumido a uma frase estapafúrdia. Já o recurso da metalinguagem aparece quando Pateta explicita ao leitor que as cenas de violência estão sendo substituídas por elementos simbólicos — como o uso de uma flor no lugar de uma arma de fogo. Há ainda tiradas impagáveis, como a sequência que mostra os seis tipos mais comuns de pacientes e a gag com a mulher que implora ajuda ao dr. Pateta Pasteur, que retruca com um lacônico "sinto muito, mas não faço cirurgia plástica"!

Tom Yakutis (1929-2002) escreveu esse roteiro e os de outras três HQs desta coleção. Antes de se dedicar aos quadrinhos Disney, Yakutis participou de diversas produções dos estúdios Hanna-Barbera, como Os Jetsons, Tom & Jerry, Os Flintstones e Superamigos, além de trabalhar com animações da Pantera Cor-de-Rosa e de Charlie Brown. Na Disney, merecem destaque suas centenas de tiras com Banzé e algumas HQs com Prof. Ludovico e para a série Professor Pateta.

PATETA FAZ HISTÓRIA como Louis Pasteur
Roteiro: Tom Yakutis
Desenhos: Hector Adolfo de Urtiága
Arte-Final: Rubén Torreiro
Publicada primeiro em 1984


PATETA FAZ HISTÓRIA como Dom Quixote de la Mancha
Por Planeta Gibi. Pateta Faz História costuma brincar bastante com a infância de seu protagonista, mas não em nosso próximo episódio, Pateta Quixote. Apesar de não constituir propriamente uma exceção nas HQs desta coleção, Pateta entra nessa história já adulto. Não há referências a seu passado. Nesse ponto, os artistas preservaram a ideia da obra original, onde Don Quixote já surge com seus 50 anos e não há nenhuma pista de sua vida pregressa.

Ao mesmo tempo, detalhes tragicômicos do livro são transportados para os quadrinhos e ampliados, trazendo mais graça à trama. Exemplos disso são a ruidosa armadura de Pateta, numa referência direta à velharia usada pelo chamado Cavaleiro de Triste Figura, e a "batalha" contra um rebanho de ovelhas sonolentas e indiferentes às intimidações de Pateta, sempre montado em seu raquítico e trôpego cavalo Roncinante.

A história começa com Pateta Quixote desistindo de sua sociedade com Mickey numa loja de sucatas para reviver as glórias dos cavaleiros do passado. Enfiado numa armadura velha, sai oferecendo ajuda a donzelas em perigo e acaba cruzando o caminho de João Bafo-de-Onça. A ricaça Dulcineia começa então a se engraçar com o vilão, que vê em Pateta um estorvo para o golpe do baú que planeja aplicar na moça. Bafo, então, traveste-se de "formosa dama" em apuros e atrai Pateta para suas armadilhas — as vestes ridículas do brutamontes provocam risos até em seu carrancudo cavalo —, no pano de fundo para a cena mais célebre da obra de Cervantes: Quixote lutando contra os moinhos, a despeito dos alertas de seu amigo Sancho Mickey. Não estranhe se aquela peruca de cachinhos lhe parecer familiar: Bafo já havia a usado antes, pelo menos, em O Tesouro do Pirata (de Carl Barks, O MELHOR DA DISNEY #9, abr/05) e em Caça ao Baleia Azul, de Paul Murry (produzida em 1961 e vista aqui em MICKEY 342, de 1981, e bem antes, em 1962, numa adaptação brasileira com Zé Carioca).

E quem melhor do que a geniosa Clarabela para encarnar a feiosa e sem-graça Aldonza Lorenzo, cujos delírios quixotescos a transformam em Dulcineia, a mais formosa dama do mundo? No final, ela irá impingir a Bafo uma punição maior ainda do que a cadeia, enquanto que Pateta Quixote terá um desfecho nada semelhante àquele melancólico que o livro reservou ao cavaleiro.

Por fim, vale registrar que por diversas vezes, desde a década de 1940, a Disney tentou levar o livro de Cervantes para as telas, em forma de animação. O último projeto foi engavetado no início dos anos 2000, quando o material que estava sendo desenvolvido foi analisado e considerado inapropriado para uma produção disneyana no estilo diversão familiar.

PATETA FAZ HISTÓRIA como Dom Quixote
Roteiro: Carl Fallberg
Desenhos: Hector Adolfo de Urtiága
Arte-Final: Rubén Torreiro
Publicada primeiro em 1987



Editora Abril, coleção em 20 volumes semanais, 100 páginas cor, formato 14,7 x 20,7 cm, R$ 9,95
Editor: Paulo Maffia
Biografias: Júlio de Andrade, Filho
Introduções das HQs: Rivaldo Ribeiro






JOGO DOS 7 ERROS


Bafo em Caça ao Baleia Azul X a "formosa dama" de Pateta Quixote

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