Carrapicho, pelo próprio Avalone: "O cangaceiro Carrapicho representa o ápice da minha atividade como autor de quadrinhos. Ele é o justiceiro de Vila Pedregulho, imaginariamente localizada no nordeste brasileiro. Vive perseguido pelo poderoso Coroné Cascalho, um dominador político e econômico da região. Donzela Muriçoca é a moça cobiçada pelo coroné, mas ela quer mesmo casar é com o Carrapicho, que não quer saber de conversa. Outros personagens completam o universo: os aprendizes de cangaceiro Folha Seca e Faísca, o Padre Pedroca e ainda o Cabo Firmino, que é o braço direito do Doutor Delegado. Eu procurei dar às histórias do cangaceiro Carrapicho um clima cômico apoiado no universo sertanejo e no cangaço do nordeste brasileiro. Apesar de estrutura regional, as aventuras do personagem transcendem o espaço geográfico e se tornam universais pelo tratamento dado às suas relações com o meio-ambiente e com a sociedade local".
Evolução do restauro da HQ Adivinhe Quem Vem para Prender!...
...publicada originalmente em...
CARRAPICHO #3 (Editora Noblet, 1987)
HQ que abre CARRAPICHO #2, também de 1987
O gibi também trazia histórias de Espoleta, que muitos anos antes teve seu próprio título, pela mesma editora
Nas páginas centrais do gibi, tiras. Sobre a origem delas, Avalone explica: "Em 1978, a Abril implantou o Projeto Tiras, um ousado e ambicioso sistema de distribuição de tiras diárias para jornais de todo o país, com participação majoritária de quadrinistas ligados à editora, dirigido por Ruy Perotti e coordenado por Wagner Augusto. Tendo 11 autores e um editor, nunca tinha sido feito nada parecido no Brasil até então. O desafio era instituir um sistema comercial de produção e distribuição de tiras semelhante ao americano, um King Features Syndicate tropical, com o suporte da poderosa Editora Abril. Dentro desse projeto criei tiras do Carrapicho que foram publicadas diariamente por dezenas de jornais de todo o país durante mais de um ano. Em 1981, o Carrapicho saiu também aos domingos na Folhinha, suplemento infantil dominical da Folha de S.Paulo. Com a interrupção do Projeto Tiras da Abril, eu ainda consegui manter a distribuição das tiras por minha conta por cerca de dois anos. Mas sem ter uma adequada estrutura de operação empresarial, eu não consegui manter o esquema. Os quadrinistas do Projeto Tiras foram Izomar Camargo (Zé Pessimista), Henrique Farias e Paulo Paiva (Giba), Claudino e Paulo Paiva (Inseto City), Renato Canini (Tibica), Paulo José (Bingo), os irmãos Airon e Marcelo 'Verde' Lacerda (O Saturniano), Jorge Kato (Tuca), Clóvis Vieira (Strego), Guy Lebrun (A Turma da Bola), Primaggio Mantovi (O Veterinário) e Avalone (Carrapicho)"
Outro título do personagem, pela mesma editora, também em 1987
Em 1974, a Noblet já havia lançado outra criação de Avalone, ESPOLETA, cujas primeiras histórias tinham sido publicadas um ano antes pela Saber em TURMINHA SAPECA
Apresentação da turma na contracapa de ESPOLETA #1
O personagem Paulistinha é uma criação de Sergio Militello. A HQ acima foi inserida em ESPOLETA pelo editor atendendo a uma solicitação de Avalone, amigo de Militello dos tempos de início de carreira no suplemento infantil Clubinho
No expediente, é creditada a Theresa Saidenberg a colaboração nos roteiros. Em seu blog, lotado de curiosidades de bastidores, Carlos Avalone explica que, na verdade, era Ivan Saidenberg quem escrevia alguns dos roteiros e lhe solicitara que colocasse o nome de sua esposa para evitar problemas com a Abril. Saidenberg (1940-2009) foi um dos maiores artistas Disney do mundo. De seu portfólio constam as primeiras HQs de Morcego Vermelho, Pena Kid e Morcego Verde, dentre várias outras, além de parcerias notáveis com Herrero e Canini, pelo menos
A Noblet chegou a publicar algumas páginas de Espoleta em AKIM — revista que teve cerca de duas centenas de edições lançadas no Brasil
Textos de Carlos Avalone: blog do artista
Para acompanhar a volta de Carrapicho, siga o autor aqui
Eu sou fã de Avalone. Sou fã de sua pessoa, de sua história e de seu desenho!
ResponderExcluirRedescobri o Avalone hoje, no Facebook, e estou dando pulos por isso, o Carrapicho fez parte da minha vida de leitor de HQ (as revistas estão em algum lugar aqui, em meio a milhares de outras kkk).
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