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18 de julho de 2015

Obras de Mauricio de Sousa em BIDU e ZAZ TRAZ são compiladas

Uma relíquia será lançada na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro de 2015. Sidney Gusman recuperou e compilou toda a produção que Mauricio de Sousa originalmente publicou nos raríssimos gibis ZAZ TRAZ e BIDU pela Editora Continental no final dos anos 1950 e início dos 60. 

COLEÇÃO HISTÓRICA MAURICIO sairá em volume único, pela Panini, trazendo também as capas e algumas páginas de curiosidades, incluindo relatos do processo de elaboração do encadernado.




Ao Planeta Gibi, Gusman revelou que estava a ponto de desistir do projeto, dada a dificuldade para obter os exemplares, quando foi surpreendido com uma intocada caixa nas dependências da MSP contendo toda a coleção — algumas dessas revistas, até em duplicata. Ainda assim, houve algum drama, como o leitor poderá constatar nas citadas páginas de curiosidades. 

COLEÇÃO HISTÓRICA MAURICIO não trará a reprodução integral dos gibis, pois a Continental ali também incluía HQs de outros artistas — como aquelas do mítico Waldyr Igayara de Souza, que chegou a desenhar capas de ZAZ TRAZ e BIDU e, ainda nos anos 1960, passou a integrar os Estúdios Abril e a produzir quadrinhos Disney, juntamente com Jorge Kato e Herrero.

ZAZ TRAZ, BIDU E A PRÉ-HISTÓRIA DA MSP

Na era pré-internet, pouca gente sabia que tinha havido um gibi de Mauricio antes de MÔNICA (lançada em mai/1970). Nem em edições comemorativas ou em seções de cartas dos gibis da Editora Abril havia qualquer menção a isso. Sempre era dito que MÔNICA tinha sido o primeiro gibi da turma e ponto. 

    

    

    

Porém, pouco depois de Mauricio estrear suas tiras na (hoje) Folha de S.Paulo, em 18/jul/1959, a editora Continental, de São Paulo, lançou o gibi ZAZ TRAZ

E lá estavam Bidu e Franjinha estampando a bela capa. A revista durou 7 edições. Também foi lançado ao menos um ALMANAQUE DE ZAZ TRAZ, possivelmente em 1960, com Cebolinha, Franjinha e Bidu na capa (desenhada por Igayara) — apesar de não constar que dessa edição haja qualquer história com personagens de Mauricio.




Uma das primeiras HQs com Cebolinha, em ZAZ TRAZ #4


O cartunista entrara para a Continental pelas mãos de Jayme Cortez, um dos mandachuvas da editora (e uma das lendas dos quadrinhos brasileiros), e logo se tornaria seu amigo. Nos gibis da Abril, por sinal, Cortez era o único autorizado a desenhar as criações de Mauricio em estilo próprio. Algo como um Carl Barks das HQs Disney, guardadas as devidas proporções, era o único que sempre merecia citações e créditos. 

    

    

    

    

BIDU logo ganharia título próprio, durando 8 edições. A partir do número 5, no entanto, passou a trazer quadrinhos também de outros autores, já que Mauricio não conseguia tempo para produzir as tiras diárias e o material para a revista simultaneamente. 

As tiras eram publicadas na Folha (Bidu, Franjinha e Cebolinha) e no Diário da Noite (Astronauta, Piteco, Zé da Roça & Hiro).

LIVROS ILUSTRADOS DA FTD

Em 1966, a FTD lançou 3 livros ilustrados com personagens de Mauricio — cuja republicação é há muito aguardada pelos colecionadores e que também foi prometida para integrar as comemorações dos 80 anos do cartunista. A Martins Fontes deve lançar as 6 histórias em volume único.




Os livros da FTD: O Astronauta no Planeta dos Homens Sorvete + Zé da Roça ...E o Dragão que Não Existia


[Niquinho:] A Caixa da Bondade + Chico Bento


Piteco + Penadinho contra o Caçador de Cabeça: reedição também prometida para breve, em volume único, pela Martins Fontes


Mauricio já colaborava com o suplemento infantil Folhinha de S.Paulo desde sua criação, em 1963. A Folhinha não se parecia com nenhum dos suplementos similares que ainda hoje circulam com os jornais — mas todos, ainda assim, são nitidamente derivados dela.




Por ocasião da morte do dono da Folha de S.Paulo, em 2007, Mauricio fez uma revelação bombástica para os colecionadores de seus gibis. Na crônica em que prestou homenagem a Octavio Frias, afirmou que o jornal chegou a planejar o lançamento de revistas em quadrinhos com seus personagens, "que seriam rodadas na mesma impressora do jornal. Chegaram a imprimir alguns exemplares, inclusive. Mas essa experiência não foi adiante... na Folha". Alguém aí guardou algum?!


Sidney Gusman, o editor, divulgando a obra:

Pense numa criança feliz! É como estou me sentindo agora, após fechar Coleção Histórica – Mauricio e enviar os arquivos para a Panini. Trata-se de um resgate de TODAS as aventuras escritas e desenhadas pelo próprio Mauricio de Sousa entre 1960 e 1961, nas revistas Bidu e Zaz Traz. Um material raríssimo! Tudo em ordem cronológica e com direito às capas, editoriais e até as propagandas da época ligadas à obra do autor. 

Sempre encarei esse projeto como mais um dos “presentes” para o Mauricio, que completará 80 anos em outubro, e para os fãs. É a primeira vez que esse material é compilado numa única edição. Por isso, o álbum terá também seis páginas de notas e curiosidades sobre as histórias, personagens, o processo de restauração das imagens e a “batalha” de alguns anos que tivemos para reunir todas as revistas originais.

Foi um trabalho maluco, mas tremendamente prazeroso. Afinal, não é apenas um capítulo valiosíssimo da história do Mauricio que está sendo resgatado, mas também do quadrinho nacional.

O lançamento será na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro.



★ Fonte: Banco de Dados Planeta Gibi, divulgação.
★ Reprodução de artes e fotogramas: feita apenas para fins de divulgação. Artes e personagens são de propriedade de seus criadores/licenciadores. A qualidade gráfica aqui exibida é inferior à original. Reproduções das páginas de ZAZ TRAZ #4: cortesia de William Aoqui.
 Sinopses (em azul e itálico) e informações sobre preço de capa, estrutura do título e da edição, extensão prevista de um título ou de uma coleção: são dados divulgados pelas editoras.
★ Observações entre colchetes: são dados atribuídos pelo Planeta Gibi somente para fins de colecionismo.
★ Colaboração: o Planeta Gibi colabora com as publicações Disney da Culturama traduzindo, escrevendo artigos e prestando assessoria com base em nosso acervo e banco de dados.
★ Comercialização: o Planeta Gibi só se responsabiliza por compras efetuadas em sua loja. 
★ Assinaturas: o Planeta Gibi não comercializa nem participa de nenhum tipo de assinatura de revistas ou serviços, e desconhecemos os termos e condições estabelecidos para essas vendas. Eventuais menções a isso cumprem a simples função de informar o que, julgamos, seja do interesse de leitores e, sobretudo, de colecionadores.
★ Dúvidas e sugestões: escreva para o editor do Planeta Gibi Blog.
★ Publicado originalmente em 18/jul/2015.
★ Atualizado pela última vez em 18/jul/2015.



11 comentários:

  1. Só posso dizer o seguinte:
    UM ESPETÁCULO!!!
    HISTÓRICO!!!!
    PIRAMIDAL!!!!
    ANTOLÓGICO!!!
    ESCALAFOBÉTICO!!!!
    ÉPICO!!!
    FENOMENAL!!!
    Quem Tiver Outras palavras,favor postar...

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  2. Excelente. O preço é q deve ser caríssimo de todos. E espero q não tenha nenhuma alteração em relação às originais. Seria bom q nem alterassem a grafia da época e muito menos mudanças do politicamente correto.

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  3. Fabiano, há antes de tudo valor histórico. Simplesmente Cebolinha estreou em ZAZ TRAZ, por exemplo. E essas HQs são seminais; não houve nenhuma história em quadrinhos com os personagens de Mauricio antes delas.

    Eu faria mais: restauraria e compilaria inclusive as HQs publicadas de forma seriada na Folhinha de S.Paulo a partir de 1963. Lá está, inclusive, a primeira participação de Mônica numa aventura da turma (tão boa que depois ganhou releitura, nos anos 1970).

    Quanto à Disney, suas animações primordiais, com Alice e Oswald, são tão (digamos assim) cruas, em comparação ao que foi produzido depois quanto essas produções de Mauricio dos anos 1950 e 60 o são quando confrontadas com a fase da Abril. E a Disney fez questão de lançar o quanto pôde disso em DVD (com pompa e circunstância, na coleção Disney Treasures).

    No caso de Oswald, o ponto de honra foi recuperar seus direitos, que estavam com a Universal. E quando o fez, lançou-o na única lata diferenciada (dourada) da coleção. Assistindo-o isoladamente e sem contexto histórico, no entanto, pode-se ficar com a mesma impressão de quem lê essas primeiras HQs de Mauricio. Mas foi ali que tudo começou.

    Abs.

    E. Rodrigues

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  4. O único porém que faço pra esse ótimo lançamento é pelo fato de que só republicarão o material dessas revistas relacionado ao Mauricio. E a obra dos outros autores que compunham a Zaz-Traz, por exemplo, mesmo após todo o esforço de resgate pelo Sidney, vão seguir arquivados?

    Cada vez mais acho que seria interessante a MSP testar o retorno de publicar material que não seja relacionado diretamente ás criações do Mauricio, e essa poderia ser uma chance legal de ver como o público reagiria. Mas creio o quanto deva ser difícil negociar os direitos.

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  5. Fábio, eu tenho aqui o tal ALMANAQUE ZAZ TRAZ. Há dificuldade até mesmo de se saber a quem pertencem alguns dos direitos, suponho.

    Fabiano, certamente que não há nenhuma necessidade de se desculpar pela sua opinião.

    E. Rodrigues

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  6. Quando foi publicada a revista ZAZ TRAZ #4?

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  7. Não acredito que seja possível saber. As revistas da Continental não indicavam mês.

    Se você quer saber se saiu ANTES de outubro, que é quando Cebolinha apareceu na tira da Folha pela primeira vez, te digo: quem vai escrever essa história é a MSP. Se ela determinar que a primeira aparição do personagem foi no jornal, então assim será. É como ocorre com Mickey Mouse: a Disney determinou que sua primeira aparição é em Steamboat Willie e pronto (lançado na verdade meses depois de sua real primeira aparição, em Crazy Plane). Ou de Donald, que surgiu ANOS antes de sua "estreia oficial", em maio de 1934. Para ficar em apenas 2 exemplos.

    Abs.

    E. Rodrigues

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  8. Caros amigos, quanto aos desenhos "feiosos" feitos nos primórdios de Zas Tráz e Bidú, temos que procurar vê-los no contexto da época de sua publicação. Os desenhos das primeiras capas de ambas as reviastas foram feitos pelo mestre Jayme Cortez e depois por Igayara. E eram feitos "a toque de caixa". Como o volume de publicações da Continental era enorme Jayme Cortez fazia mais de uma capa por dia, além de ser responsável pela direção artística da editora.
    Se nos atentarmos apenas ao desenho veremos que o próprio Mauricio ainda estava buscando um caminho e definindo seu estilo. Particularmente acho a linha sinuosa do desenho do Cortez belíssima em termos plásticos, mas esse é um gosto pessoal.

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