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22 de julho de 2019

Zé Carioca, vendas, distribuição... Culturama fala sobre o mercado

Fabio Hoffman, diretor-geral da Culturama, deu entrevista ao site Pioneiro e reafirmou a intenção da editora em produzir HQs do Zé Carioca. Discorreu sobre a distribuição de revistas, informando que fechou parceira com a Dinap para atender regiões onde os gibis ainda não estavam chegando às bancas, como o Rio de Janeiro. Sobre a expectativa de vendas para este ano, ele projeta um crescimento de 10 a 15% — em 2018, a Culturama vendeu 12 milhões de exemplares (número que parece ter sido determinante para que a Disney confiasse à editora gaúcha a retomada da publicação dos  gibis tradicionais).

Abaixo, trechos da entrevista.




Zé Carioca pelo Mestre Disney Moacir Rodrigues — o artista que, coincidentemente, assinou a primeira produção própria da Culturama



QUADRINHOS DISNEY

"Nós somos licenciados Disney há cinco anos, com a linha infantil.Quando começaram os sinais de que a Abril não vinha bem e de que não haveria renovação de contrato, eu propus para a Disney: “eu quero ficar com os quadrinhos”. Essa negociação levou meio ano, mais ou menos, até se concretizar. Até eles dizerem: “sim, é com vocês!” Eu não tinha a mínima ideia de como se fazia isso. A gente foi indo, foi descobrindo, pesquisando e contratou (...) Paulo Maffia, que comandou os quadrinhos Disney na Abril por 15 anos. A parte de arte nós tínhamos experiência e contratamos uma equipe. A Culturama tem muitos trabalhadores indiretos, tradutores, revisores, movimentamos toda essa turma. Os quadrinhos (...) representam 10% do faturamento da empresa."

ZÉ CARIOCA

"E vamos contratar mais gente para começar a produção de histórias com o Zé Carioca. Preciso do roteirista, do ilustrador, do revisor. Será montada no Brasil essa equipe. A Disney vai lançar uma linha de moda para o Zé Carioca, mas a essência surge dos quadrinhos. Em 90 dias, a gente já começa a trabalhar. Tem muita gente aguardando ansiosamente. Vou me sentir muito honrado de produzir uma história dessas. (...) Precisamos que os quadrinhos voltem para o público infantil. Vamos fazer um trabalho agora com professores, em escolas, pois essa é uma leitura positiva que não cansa a criança." 

DISTRIBUIÇÃO

"Nunca tivemos o foco em livrarias — a gente está começando a atender livrarias agora —, mas sim em bazares, supermercados, lojas de brinquedos, de R$ 1,99, de R$ 1. (...). É isso que eu defendo: a presença do livros e das publicações em pontos de venda onde as pessoas circulam no dia a dia. O mercado editorial está passando por uma grande transformação. (...) Temos um problema ainda de distribuição no Rio de Janeiro, especialmente nas bancas. Fechamos com a Dinap para atender parte do mercado, e o restante fazemos diretamente, como São Paulo, Curitiba. (...) Eu não pensei que em banca desse tão certo. Eu pensei: nós vamos em banca para atender uma demanda dos leitores, mas foi um sucesso. (...) Em meio à crise [das livrarias], a Culturama cresceu, até porque não temos concentração em nenhum segmento. Livrarias representam 3%, 4% do faturamento bruto. Havia editoras que chegavam a ter 58% dos negócios só na Saraiva, por exemplo. Ainda o mercado popular é o nosso principal setor, com mais de 80% das vendas, com 5,4 mil clientes pelo Brasil."

IMPRESSÃO

"Publicamos em diversas empresas, metade delas no Brasil e a outra metade fora. Alguns formatos a gente não consegue produzir no Brasil. Produtos cartonados são feitos na China e na Índia. Temos oito gráficas parceiras no Exterior. No Brasil, são umas seis gráficas que nos atendem. A São Miguel, de Caxias, por exemplo, é uma grande parceira. Temos outras em São Paulo, Paraná, Santa Catarina. Não temos como concentrar muito produto numa gráfica porque elas não conseguem nos atender em função da grande quantidade. E elas têm perfis distintos: às vezes, uma gráfica é boa para um produto e não para outro. Quadrinhos, por exemplo, são um produto bom para máquina rotativa."

TIRAGEM

"A gente vendeu em 2018 mais de 12 milhões de exemplares. Ou seja, imprimimos cerca de um milhão por mês, entre todos os produtos. O mercado como um todo foi muito difícil no primeiro semestre [de 2019]. Tínhamos uma expectativa bem alta, de uns 30%, sendo 10% de crescimento só nos quadrinhos, 20% seria do restante. Mas o varejo não vem bem. Hoje temos um absurdo de mercadoria em estoque. Tenho esse pavilhão aqui (apontando para a área de estoque) que está cheio, tenho duas logísticas e mais um pavilhão em Forqueta que está lotado de livros. Agora está retomando, mas devemos fechar o ano com entre 10% e 15% de avanço." 

ESTRATÉGIA

"Nós somos uma editora, mas com o conceito de uma indústria, de um comércio convencional. A gente mesclou o mercado de publicações e o comércio. A gente vende bem mais quadrinhos no comércio convencional do que em bancas. (...) O meu custo é o de estar fora de São Paulo. Mas tem facilidade, há transportadoras que chegam a movimentar mais de 20 carretas por dia nesse trajeto. Isso é um custo de 3%. Se eu levasse a logística para São Paulo, o custo de folha de pagamento e de metro quadrado de aluguel seria mais caro do que os 3% do transporte."


A entrevista completa está aqui.


★ Fonte: Pioneiro.
 Nota: O Planeta Gibi colabora com as publicações Disney da Culturama traduzindo, escrevendo artigos e prestando assessoria com base em nosso acervo e banco de dados.
 Dúvidas e sugestões: escreva para o editor do Planeta Gibi Blog.
 Publicado originalmente em 22/jul/2019.
★ Atualizado pela última vez em 22/jul/2019.

14 comentários:

  1. Que boa noticia todos estão aguardando com ansiedade essa volta do Zé Carioca ao lar.

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  2. Um ponto que me chamou a atenção na entrevista dele foi o número citado de "600 e poucos" assinantes.
    Sei que está no começo, são apenas 5 edições até agora, mas achei uma quantidade ainda modesta, principalmente pelo número de comentários nas tais redes sociais quando do anúncio de seu retorno.

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    1. Mas este é um fenômeno que vem crescendo nas redes sociais: o consumidor virtual.
      É aquele que normalmente se diz consumidor e passa a declarar que "Não vai mais comprar".
      Entra também a turminha do "cofrei"

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  3. que vao voltar a ter producoes disney podiam chamar o luiz podavin,carlos edgar herrea,primaggio mantovi,e varios porofissionais que trabalharam na antiga editora.

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  4. Notícia incrível
    Mas bem que podiam trazer os quadrinhos de DuckTales

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  5. Bacana a divulgação das informações.
    Gostaria de saber qual a tiragem dos gibis!

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  6. Acho que vão começar publicando no Aventuras Disney, e se forem fazer uma revista própria do Zé, imagino se vão incluir no pacote de assinante e alterarem o preço ou se vai ser avulso.

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  7. Gostaria muito que fizessem historias do Panchito. Os histórias dos Três Caballeros são ótimas.

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  8. Aguardando com ansiedade o retorno do ZÉ CARIOCA

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  9. Gostaria de saber, se com essa possibilidade de hqs Zé Carioca, teremos um gibi do Zé Carioca.

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  10. Aqui em Fortaleza ainda não chegou nem as edições #3. Nem em bancas, nem em livrarias, nem em comicshops, nem em farmácias, nem em supermercados, nem em petshops, nem em lugar nenhum. Estamos falando da 5a. Cidade do país em população. Lamentável. Lamentavel.

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    1. Aqui é o norte do Rio e da 3 em diante também nada. Mas sou assinante justamente por temer que não viessem. vale a pena comprar pela assinatura o valor é justo

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    2. Que norte é esse? Não entendi...capital, interior...??

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  11. Vamos com paciência. Aos poucos vão melhorando!!!
    Só gostaria que a Culturama mesclasse histórias novas com antigas!!!
    Assim poderíamos ter os secundários mais presentes e com papel de qualidade!!!
    Inclusive poderiam ser retomados capas-duras com coletâneas antigas!!!
    Mas, vamos em frente...!

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