Tudo começou com um Pato, de novo!
Há 50 anos chegava às bancas O Pato Donald #424, com a HQ que se tornaria o símbolo de uma história de sucesso.
O Planeta Gibi Blog orgulhosamente homenageia Jorge Kato e a primeira história em quadrinhos Disney brasileira, produzida pela Editora Abril.
No dia 22 de dezembro de 1959, coincidentemente também uma terça-feira, há exatos 50 anos, chegava às bancas a revista O Pato Donald #424, com 32 páginas em formato Pato (claro!), ao preço de Cr$ 8,00, com uma bela capa natalina de Carl Barks — naquela época, apenas mais uma capa.
Mas o que teria este gibi para ser considerado hoje uma edição histórica, rara? Teria mais páginas, papel especial, erro na tiragem, serrilhado?
Antes disso, foram quase 10 anos publicando somente material importado. Aos artistas nacionais sobrava apenas a produção das capas, escolados pelo excelente desenhista argentino Luis Destuet.
A revista entrou para a história das publicações da Editora Abril e dos colecionadores porque simplesmente trouxe a primeira HQ Disney produzida no Brasil: Papai Noel por Acaso, das mãos do brasileiro Jorge Kato.
A HQ é leitura obrigatória para todo fã e leitor de quadrinhos Disney. Mas para encontrar esta raridade é preciso vasculhar sebos e lojas virtuais: infelizmente, a última vez que apareceu nas bancas foi há 25 anos.
Suas doze páginas impressionam pelo traço. Considerando que se tratava de uma estreia, Kato desenhou os patos muito bem e mostrou que igualmente conhecia Patópolis e seus habitantes. Parecia que o artista vinha para ficar. E ficou, alegrando-nos por muitos anos e grafando definitivamente seu nome na História das histórias em quadrinhos do Brasil.
É lugar-comum dizer que muitos artistas bebem na fonte de Carl Barks. Basta dar uma boa olhada, por exemplo, em Os Filhos do Sol, o debut disneyano de Don Rosa, para notar vários quadrinhos inspirados em HQs de Barks — alguns até parecem meras reproduções.
Pois assim como em O Trenzinho da Alegria, clássico do homem dos patos, em Papai Noel por Acaso o velho muquirana Patinhas a princípio se recusa a fazer uma doação para o Natal das crianças pobres, mas no final acaba desembolsando milhares e milhares de cruzeiros.
Kato mostrou um Patinhas disposto a gastar o impossível para provar que é o pato mais rico do mundo, e mostrou que a felicidade parece ser o único estado de espírito capaz de tornar o velho generoso.
Curiosamente, esta HQ nunca foi publicada em nenhum outro país. Leia Papai Noel por Acaso em O Pato Donald #424, Disney Especial #26 – Natal (edição nunca reeditada) ou em Natal Disney de Ouro #6.
Jorge Kato
Autor de mais de uma centena de HQs Disney, inclusive algumas para os Studios americanos, Kato também trabalhou com grandes mestres brasileiros como Ivan Saidenberg, Waldyr Igayara e Júlio de Andrade.
Já na edição de O Pato Donald seguinte à de sua HQ de estreia, publicou O Caso do Peru de Natal, onde Donald, sobrinhos e Tio Patinhas visitam a recém inaugurada Brasília! E para a edição #434, de 01/mar/60, produz simplesmente a primeira HQ brasileira estrelada por nosso adorado papagaio, A Volta do Zé Carioca.
E adivinha quem desenhou a HQ que abriu Zé Carioca #1 (ou melhor, #479) de 10/jan/61? Claro, Jorge Kato. Zé Carioca Contra o Goleiro Gastão ocupou onze páginas do gibi de estreia do papagaio — para quem não sabe, na época O Pato Donald era semanal, e a partir de janeiro de 1961 passou a "ceder" seus números ímpares para Zé Carioca, o que ocorreu até a edição #1749, mais de 24 anos depois, quando passaram a ter numeração independente.
Kato seguiu desenhando HQs exclusivas para o gibi do Zé. Trabalhou também nos remakes de HQs americanas, enxertando Zé Carioca em histórias originalmente feitas por Al Hubbard, Paul Murry, Carl Barks, Tony Strobl... numa fase depois conhecida jocosamente como "Zé Fraude".
Nesses remakes, por sinal, surgiriam os sobrinhos de Zé Carioca, justamente para serem desenhados no lugar de Huguinho, Zezinho e Luisinho. Zico e Zeca apareceram pela primeira vez em Os Cavalos Fujões (ZC #565, 4/set/62). Sem falar que às vezes o papagaio aparecia contracenando pura e simplesmente com os sobrinhos do Mickey mesmo (como em Colecionadores de Sorte, ZC #545, 17/abr/62). E até dirigir o carro de Donald ele dirigiu (com a placa "disfarçada": 713! — Trogloditas Famintos, ZC #627, 12/nov/63).
E certamente você já viu alguma capa desenhada pelo artista: ele produziu centenas delas. Sua última HQ original, O Ajudante, foi produzida para os Studios e saiu primeiro na italiana Topolino #983, de 29/set/74 (por aqui, em O Pato Donald #1332, 20/mai/77).
Fonte de indexação: Inducks
Maravilha. Tenho todas essas revistas e lembro-me até de quando comprei o Pato 424, achando interessante e curioso que a história era nacional - dava para ver, pelo menos por um fanático por Pato Donald como eu era, mesmo tendo apenas 9 anos de idade. Fiquei louco da vida quando vi o no. 479 passar a ser Zé Carioca, nunca me comformei com isso: "estrgou minha coleção". Apesar de tudo, para mim o Pato morreu no nro. 721, quando saiu a última história de Barks inédita na revista. Daí para a frente, apenas decadência. Um abraço nos meus 58 anos.
ResponderExcluirSimplesmente show de bola esse post do Rivaldo e do E. Rodrigues.
ResponderExcluirEu simplesmente fiz uma viagem ao passado e curti muito essas informações que digo com absoluta honestidade, muitas delas eu desconhecia.
Um abração e o desejo de um Feliz natal a todos os colecionadores e admiradores de quadrinhos Disney.
Ludy-RS
Grande Rivaldo e Equipe do Planeta. Parabens!
ResponderExcluirUma belo presente virtual para nós, Disney colecionadores.
O Sr. Ralph Mennucci escreveu que o nº 721´foi a útima a sair HQ inédita de Barks. Desculpe, mas não procede.
Pelo menos o Pato Donald #772 publicou uma HQ inédita de Barks.
Além de vários outros trabalhos que saíram muito tempo depois, como 'O Leiteiro' por Exemplo.
Rivaldo, me corrija se eu estiver errado.
Vinicius.
Tamos aí...
Essa época do "Zé Fraude" era divertida. Tudo era feito na correria, pra cumprir os prazos, e numa das revistas saiu uma história do Zé baseada em uma do Mickey, acho que do Strobl... só que em um dos quadrinhos, o Kato se esqueceu de apagar a sombra do Mickey! Saiu o desenho do Zé com sombra do Mickey! Algum dos colecionadores poderia postar esse quadrinho, se achar, seria bem curioso...
ResponderExcluirO 424 não tenho,tenho o 425 (capa da melancia)em estado de banca e a historia que mostra Brasilia (antes de inaugurar)é muito legal,mostra o clima de ansiedade que tomava conta dos rasileiros na época.Julio,se vc souber o nº da edição do ZC em que o Zé esta com sombra do Mickey,eu posto.
ResponderExcluirO Vinicius está certo, eu não me expressei be,. Houve realmente essa história do 772 e houve até mais, anos depois, bem depois. O que eu realmente quis dizer foi que foi o último número em uma série que vinha desde o número 1, onde poucas revistas não publicavam histórias do Barks. A anterior havia saído, creio, no 711 ou algo assim (teria de checar). Realmente, a história seguinte saiu no 772, portanto, um ano depois, praticamente. E aí ficaram anos sem sair.
ResponderExcluirSerá que o Júlio de Andrade Filho se estava a referir ao 3.º quadrinho da pagina 5 do Zé Carioca n.º 659, "No velho Oeste era assim"?
ResponderExcluirPuxa, não saberia dizer, não tenho mais minhas revistas. Tem como postar o quadrinho?
ResponderExcluirEu dei uma olhada no quadrinho mencionado pelo Mario (ZC 569). Não achei que a sombra ali se parece muito com Mickey não. Deve ser uma bem evidente (ou seja, das orelhas do Mickey!).
ResponderExcluirMeu pai (o Ralph aí de cima) bateu uma foto do referido quadrinho e eu postei. Realmente, não parece ser este o da sombra do Mickey.
ResponderExcluirNa verdade pessoal, o quadrinho ao qual o Júlio se referiu não é propriamente uma sombra (na acepção da palavra) mas o próprio personagem, visto em negro, por causa do escuro (cena noturna), entenderam?
ResponderExcluirO quadrinho citado está na revista Zé Carioca, no. 579, página 13, quadrinho número 1 (o primeiro).
Lá deveria aparecer a silhueta do Zé, falando atrás de pedras, mas o que aparece é a silhueta da cabeça do Mickey.
Eu reparei isso na época, eh, eh, eh.
Abraços gerais.