

PATETA FAZ HISTÓRIA como Guilherme Tell
Por Planeta Gibi. Pateta Tell é a penúltima HQ da primeira fase de produção da série Pateta Faz História, onde se dá grande destaque às gags visuais e há, não raro, um desprendimento quase total dos eventos satirizados. Na fase seguinte, iniciada após Mickey Aladim, as histórias seriam contadas em quatro tiras por página, focando mais nos fatos históricos e literários, concentrando as piadas mais nos textos do que nos cenários.
Amigo de Pateta Tell, Mickey sintetiza perfeitamente o descompromisso da HQ em se prender à lenda de Guilherme Tell quando, a poucas páginas do fim, afirma sem pudor que eles haviam chegado até ali sem nenhuma história. O leitor, no entanto, pouco se dará conta disso, já que estará entretido com, por exemplo, uma inacreditável sequência em que um cavalo tenta explicar a Mickey, por meio de gestos e quebra de palavras, onde se escondeu Pateta!
Noutra passagem inusitada, somos convidados a cantarolar a famosa e grudenta melodia de abertura da ópera Guilherme Tell, de Rossini, enquanto acompanhamos as trapalhadas de Pateta e seu amigo durante uma perseguição. O leitor não se recorda dessa música? Pois trata-se de uma peça já utilizada diversas vezes em filmes, desenhos e comerciais de televisão, sobretudo em faroestes ou cenas cômicas, quando é executada de forma irreverente.
Para ficar só no mundo disneyano, basta lembrar que é a Abertura de Guilherme Tell o pano de fundo de um dos mais festejados curtas da História, Mickey Maestro (The Band Concert, 1935). Nesse cartoon, o primeiro totalmente colorido da Disney, Donald rouba a cena ao atrapalhar a execução da música pela banda conduzida por Mickey.
Voltando à HQ, ao se aproximar de seu clímax finalmente o leitor terá contato com a história do arqueiro. Primeiro, com a detenção de Pateta, que se recusa a reverenciar um símbolo de poder do governador Bafonf no vilarejo de Altdorf — algo semelhante ocorreu com Guilherme Tell, reza a lenda.
Depois, claro, com a pena que lhe é arrogada: a célebre cena da maçã. E aí entrará Mickey (ou melhor, sua cabeça!). Na história, registrada notavelmente pelo poeta e historiador alemão Friedrich Schiller, Tell é obrigado a disparar sua flecha contra a maçã depositada sobre a cabeça de seu próprio filho.
Por fim, como não deveria deixar de ser, o bom humor impera: Pateta e Mickey, inspirando-se na maçã espetada, abrem um negócio bem lucrativo e livram-se de seus tormentos financeiros.
A propósito de Friedrich Schiller, vale destacar que influenciou tanto quanto Goethe a Alemanha do século XVIII. Talvez por isso, a tradução alemã de Pateta Tell (utilizada na coleção em que se baseia esta que o leitor tem em mãos) acabou substituindo diversas falas dos personagens por frases do livro de Schiller. Esse recurso soaria bem estranho se fosse vertido para nossa língua. A versão que veremos aqui, dessa forma, segue o mais fielmente possível o texto original em inglês.
PATETA FAZ HISTÓRIA como Guilherme Tell
Roteiro: Cal Howard
Desenhos: Hector Adolfo de Urtiága
Arte-Final: Adalberto Rubén Torreiro
Tradução: José Fioroni Rodrigues
Publicada primeiro em 1981
PATETA FAZ HISTÓRIA como Robinson Crusoé
Por Planeta Gibi. Uma passagem das aventuras de Robinson Crusoé é comumente deixada de lado nas adaptações brasileiras da obra mais popular de Daniel Defoe. Trata-se da perseguição e ataque de um navio pirata à embarcação que conduzia Crusoé a Guiné, na África.
No texto original, os vilões superam e escravizam os comerciantes ingleses — e Robinson permanece em cativeiro por cerca de dois anos, antes de fugir e se estabelecer no Brasil, de onde partiria anos depois para o naufrágio que acabaria por mantê-lo isolado por décadas numa ilha da América Central.
Pois essa HQ tem início justamente no embate entre a nau capitaneada por Pateta Crusoé, tendo Mickey como segundo oficial, e o navio pirata do temido Bafo Barba Negra. A sequência, porém, nada tem de dramática. O que o leitor vai encarar é um pastelão bastante inspirado, onde o timoneiro de Bafo nem sequer sabe distinguir bombordo de estibordo (com consequências hilariantes) e toda a tripulação de Pateta e Mickey abandona o barco, literalmente, para fugir das trapalhadas do capitão.
Aliás, se perguntassem ao Mickey quem seria a última pessoa com quem ele iria querer ficar numa ilha deserta, ele responderia Pateta Crusoé! Uma vez na ilha, entendemos o que o camundongo faz por lá: ele seria o espírito empreendedor do Crusoé original, já que Pateta só pensa em comer e dormir.
Mas os quadrinistas foram mais criativos e ofereceram solução melhor que essa. Uma reviravolta ocorre quando Pateta é atingido por um coco e sofre amnésia. Sua confusão mental acaba explicando de forma bem divertida a presença de Mickey por lá (no livro, Crusoé só ganharia um acompanhante após muitos e solitários anos na ilha), além de promover sequências impagáveis, como o desdém com que Pateta trata o retrato de sua própria mãe e seu comportamento despótico sobre Mickey — nesse ponto, a HQ novamente evoca o livro: pois Robinson Crusoé não trataria mesmo o índio Sexta-Feira mais como serviçal do que como companheiro?
Também vem do texto original a porção final da história, com a ilha sendo invadida por navegadores hostis, que acabam subjugados por Pateta Crusoé. Nessa empreitada ele terá auxílio, porém, de uma personagem inesperada, novamente surpreendendo o leitor nesta que é, seguramente, uma das sátiras mais bem resolvidas desta coleção — o que não é pouco, em se tratando de Pateta Faz História.
Robinson Crusoé, o livro, teve sucesso tão retumbante e duradouro que, só em produções Disney, poderíamos discorrer por páginas sobre sua influência. Exemplifiquemos com três delas. Em 1935, o próprio Mickey viveu o inglês no curta Mickey's Man Friday, animação a cargo de Dave Hand (que dirigiria, em seguida, nada menos que o primeiro longa animado da História, Branca de Neve e os Sete Anões).
Décadas depois, em 1960, a Disney lançou um de seus filmes live-action mais lucrativos, A Família Robinson Suíça. Filmado numa ilha do Caribe, o longa ainda derivou uma das mais populares atrações dos parques Disney, tanto nos EUA como no Japão e na França: a casa dos Robinson sobre a árvore.
Nos quadrinhos, Robinzé Crusoé foi a primeira minissérie Disney produzida no Brasil. Desenhada por Carlos Edgard Herrero, foi publicada em meados de 1970. Nela, Zé Carioca é deixado numa ilha onde passa a conviver com o nativo Segunda-Feira. Recentemente, um de seus capítulos, Encontro com os Kospebrasa, foi recuperado e publicado no gibi do papagaio.
PATETA FAZ HISTÓRIA como Robinson Crusoé
Roteiro: Carl Fallberg
Desenhos: Anibal Uzál
Arte-Final: Adalberto Rubén Torreiro
Tradução: Raoni Naraoka
Publicada primeiro em 1986
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