O PREÇO DO INGRESSO
O preço salgadíssimo do ingresso não impediu que a Comic Con Experience (CCXP, Água Funda, São Paulo, 4 a 7 de dezembro) tivesse imensas filas na entrada. Na bilheteria, pagava-se R$ 160,00 na quinta e na sexta, e R$ 200,00 no fim de semana. A preço da meia-entrada valia também para quem doasse um livro.
A FREQUÊNCIA
Na sexta-feira, os corredores estavam cheios, havia longa fila para se entrar na minúscula loja da Disney (parte do estande bem maior da Disney e suas subsidiárias Marvel, Pixar e Lucasfilm), esperava-se mais de uma hora para ser atendido numa das lojas de colecionáveis e os dois auditórios tinham um mar de gente, do lado de fora, aguardando por quatro ou cinco horas a vez de assistir aos painéis e palestras.
No sábado, tudo isso e mais um pouco, evidenciado pelo congestionamento de visitantes nos corredores.
A ORGANIZAÇÃO: PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
O CCXP não ocupa um espaço comparável ao da Bienal do Livro, no Anhembi, por exemplo. Então pode-se confortavelmente visitar todos seus estandes sem se cansar. Transporte gratuito metrô Jabaquara-local do evento, bilheterias, banheiros, praça de alimentação: tudo funcionou muito adequadamente. Pontos negativos: a má recepção dos sinais dos celulares e a ausência de caixas automáticos — só havia Bradesco. Num evento onde alguns artistas cobram por autógrafos e fotos, pode-se precisar de um dinheiro extra em espécie a qualquer momento.
VARIEDADE
Nem só de estandes enormes e mega corporações se formou a CCXP. Havia um grande espaço para os artistas, dispostos em fileiras, lado a lado, e perfeitamente localizáveis. Conseguia-se ali facilmente um bate-papo e a aquisição de produções independentes.
E num espaço igualmente agradável ficaram dispostos pequenos estandes de vendas, lotados de gibis usados, raros ou não, e toda sorte de colecionáveis. Todos eles bastante procurados pelos visitantes.
PRÓXIMAS EDIÇÕES
Quem não apostou no evento deve reconsiderar. Não temos dados financeiros, mas em termos de frequência e repercussão parece haver fôlego suficiente não só para as duas próximas edições já confirmadas como até, talvez, para realizá-las em espaço maior. A CCXP, inclusive, foi tema de reportagem em mais de uma edição do SPTV, que chegou a mostrar via Globocop as agruras dos visitantes nas intermináveis filas sob o sol e no trânsito congestionado nos arredores da Rodovia dos Imigrantes.
DON ROSA X PENINHA
O americano Don Rosa, consagrado por escrever e desenhar A Saga do Tio Patinhas, esteve autografando (de graça) e desenhando (R$ 20,00, ou R$ 50,00 por desenho e um pôster colorido autografado) em mais de um dia do evento.
Bastava aguardar na fila. Por cerca de quatro horas.
Rivaldo praticamente o desafiou: você me desenharia o Peninha? A resposta foi lacônica (e esperada, mas não custava tentar; quem sabe aquele não se tornasse um momento histórico): "Eu não desenho esse cara" — literalmente: "I don't draw that guy".
Momentos depois, justificou: Eu o desenhei uma vez, para a Árvore da Família Pato. Sou seguidor do trabalho de Carl Barks. E Barks nunca desenhou o Peninha.
O artista reafirmou o que sempre foi dito: Peninha só está na árvore por determinação da Egmont (editora nórdica, que primeiro publicou a Saga). E nem adiantou argumentar que Peninha é muito famoso na Europa e no Brasil. Rosa encerrou o assunto com um "eu sei disso, mas nos Estados Unidos ele não é".
Na mão de Mickey: finalmente uma capa vermelha, como no original!
A edição #1 original ladeada por todas suas reedições: a ilustração da capa original é ligeiramente maior do que em suas reproduções
Havia a dúvida: o fac-símile de O PATO DONALD #1 vendido em conjunto com uma estatueta do Mickey seria uma edição exclusiva ou meramente uma sobra de exemplares que acompanharam o volume 1 de CLÁSSICOS DA LITERATURA DISNEY (Editora Abril, 2010)?
Como se pode constatar nas fotos acima, trata-se de um novo fac-símile. Além da inscrição diferente na lombada, o tipo de papel da capa tem gramatura ligeiramente maior e a impressão de todo o exemplar é numa tonalidade mais clara do que a do fac-símile anterior.
Forçoso notar que O PATO DONALD #1 nunca teve sua capa reproduzida na cor vermelha, como no original.
CAPAS VARIANTES
MAGALI de dezembro teve edição variante vendida (segundo a Panini) exclusivamente no evento. Trata-se de sobrecapa em papel cartão e capa da edição #96 regular, mas em preto & branco — esquema repetido pela editora em diversos títulos da DC Comics, veja aqui; vale registrar que há vários relatos de que tais edições "exclusivas" da DC estariam normalmente à venda em bancas de outras cidades.
TURMA DA MÔNICA JOVEM #76, de novembro, também ganhou capa em p&b, mas sem sobrecapa. Nem pôster, como foi divulgado (talvez comprando-se as três últimas edições).
ILUSTRANDO...
Rivaldo (Planeta Gibi) e Don Rosa
No estande da Panini, longa e razoavelmente demorada fila para se passar nos caixas
Panini: prateleira das edições anunciadas como exclusivas do evento. A reposição foi frequente
Depois de muitos e muitos anos, 2001 — Uma Odisseia no Espaço voltou a ser editado no Brasil. Na CCXP, também numa edição anunciada como exclusiva pela Aleph, o leitor remove o livro de sua luva e se vê com o "monolito" nas mãos: capa e lombada são integralmente pretos
No estande da MSP, destaque para o início das comemorações dos 80 anos de Mauricio e para a lojinha — bem movimentada. Em pré-venda, o colecionável do Astronauta (estilo Danilo Beyruth): uma peça de tamanho razoável numa belíssima caixa
A foto não faz jus ao mar de gente aguardando para entrar nos auditórios: antes de pegar o caminho de casa, não havia quem não parasse para admirar e registrar a cena
Por E. Rodrigues & Rivaldo Ribeiro
Fotos: E. Rodrigues / Planeta Gibi
PLANETA GIBI COMIC SHOP
Comprar seus gibis aqui é muito mais gostoso!
Seria possível que alguém me explicasse melhor o porquê dessa aversão toda ao personagem Peninha?
ResponderExcluirPelo jeito não é só por parte do Don Rosa já que ele disse que o personagem é pouco conhecido nos Estados Unidos.
Também não entendi o porque dele ser pouco conhecido nos EUA. Foi criado por americanos e está presente em um monte de HQs ao menos como coadjuvante (sem contar Morcego Vermelho).
A explicação que podemos dar é somente a que ele externou: Peninha não existe no universo de Barks. E Don Rosa, como seguidor de Barks, não o considera.
ResponderExcluirAgora, se ele desgosta do personagem (o que é provável), aí já é com ele. E é direito dele.
Outros seguidores de Barks, como Daan Jippes (o maior de todos, em minha opinião) e Daniel Branca tampouco desenharam Peninha.
Quanto ao personagem ser americano, releve-se que tenha sido criado basicamente para o mercado estrangeiro.
Poucas HQs de Peninha foram publicadas nos EUA nos anos 1960, e somente nos anos 2000 é que a Gemstone promoveu um resgate dele por lá, tirando do ineditismo inclusive sua primeira história.
A BOOM!, editora que se seguiu, foi além e chegou a publicar a origem do Morcego Vermelho (sabidamente uma HQ brasileira — outro tabu a ser quebrado no mercado americano, a propósito: conta-se nos dedos de uma mão as histórias brasileiras já lançadas nos EUA).
Abs.
E. Rodrigues
Na sexta feira estive na Saraiva do Center Norte e havia duas revistas da DC da Panini com as capas variantes.
ResponderExcluirAcho que eram Liga e Superman.
Uma duvida, Don Rosa esteve hoje (domingo) na CCXP? Se sim vacilei..
No sábado, encontrei todas as edições da DC com capa variante na Metropolis (zona norte do RJ) que, diga-se de passagem, recebe material do estoque da Comix.
ResponderExcluirImaginem então a aversão dele aos personagens italianos!!!
ResponderExcluirNa minha cronologia pessoal os personagens italianos existem sim, são canônicos e estão no universo do Barks hahaha!
PS. estive lá e peguei autógrafo do Don Rosa!
Bem, até onde eu saiba, Carl Barks nunca desenhou o Zé Carioca...
ResponderExcluirSobre as capas exclusivas, a Panini afirma que as capas em branco eram exclusivas da CCXP, as outras capas variantes, são comemorativas da CCXP, por isso vendidas em outros pontos de venda.
ResponderExcluirAlguém encontrou uma das capas brancas sendo vendidas?? Eu só vi as capas comemorativas (com as ilustrações do Garcia Lopes)...
E quanto ao Rosa, acho que ele tem todo o direito de desenhar quem ele quiser. E na quinta e sexta ele estava fazendo os desenhos de graça tb... a partir do sábado é que ele começou a cobrar 20 pelo desenho ou 50 pelo print mais o desenho (na verdade comprar um ou mais prints, que ele autografava e ele fazia o desenho na faixa)...
ResponderExcluirO Don Rosa não nega que é americano. Vive em um mundo apartado do resto do mundo. É assim que eles são criados lá, eu suponho. Não justifica tanta arrogância por parte do Don Rosa, mas ajuda a entender sua personalidade autoritária. Ele não quer saber se algum brasileiro fã do Peninha vai ficar "magoadinho" se ele afirmar que o Peninha deveria ser sumariamente enxotado da Família Pato. De qualquer forma, parabéns pela (corajosa) tentativa, Rivaldo. Pensando bem, até que a reação do Don Rosa não foi muito ríspida, conforme sua descrição do ocorrido.
ResponderExcluirDon Rosa que vá catar coquinho, pois o Peninha é o máximo! Um dos personagens mais hilários e completos do universo Disney! Os gibis do Peninha e suas demais encarnações, são sempre impagáveis, extremamente divertidos e viciantes! Se ele não curte, ele que continue vivendo em seu mundinho sem sal nem pimenta (sempre vivwendo nas sombras do Barks, esse sim, um verdadeiro gênio).
ResponderExcluirEngraçado como a personalidade de uma pessoa muda o que pensam sobre ela. Antes, Don Rosa era aclamado de forma unânime como um gênio, agora que veio a público traços de sua personalidade forte, os caras começam a atirar pedra. Foda-se a personalidade é um gênio sim!
ResponderExcluirAcho que não entendi. Tem algum problema no posicionamento do Don Rosa? Pelo menos no que foi descrito no texto, ele está respeitosamente se explicando, o que nem seria sua obrigação na verdade. Ele não nos deve satisfações dos seus motivos para fazer ou deixar de fazer algo, e quando o faz, entendo que seja por educação.
ResponderExcluirEle é obrigado a fazer algo pra agradar alguém? E se eu solicitasse para o fã que rasgasse o desenho recebido autografado, e o fã se recusasse a rasgar, seria um ato arrogante também?
Eu hein...