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9 de dezembro de 2014

O imbróglio Don Rosa e Editora Abril: os dois lados

O site Omelete, um dos organizadores da CCXP, publicou texto sobre a palestra de Don Rosa no evento e, mais uma vez, foi abordada a relação entre o quadrinista e a Editora Abril. Em que pese as alegações de agora não serem exatamente as mesmas de outras declarações já divulgadas no mundo digital, é notável como raramente sabemos qual é a posição da editora nesse episódio, já que os meios que expõem os argumentos de Rosa não costumam relatar o saudável "outro lado". Fomos, então, ouvir a Abril. 

No Omelete:
“ (...) Quando várias editoras pelo mundo começaram a lançar HQs destacando sua autoria, Rosa tomou uma atitude jurídica: registrou seu nome em países europeus e da América do Sul e passou a exigir um valor pela utilização de seu nome. "Todo mundo pode publicar meus gibis quando bem entender, que o acerto é com a Disney. Mas para usar o nome Don Rosa, tem que me pagar e me dar controle total. No caso do Brasil, meu advogado teve que falar com o editor daqui e pedir que ele fizesse umas edições melhores. Mas o editor não quis falar comigo e preferiu publicar sem meu nome. Tudo bem, ele faz o que quiser (...)”

Resposta de Sérgio Figueiredo, Diretor de Redação da Abril Jovem, para o Planeta Gibi:
“ Respeitamos muito a obra de Don Rosa, certamente um dos grandes expoentes da arte sequencial, mas precisamos salientar que nunca fomos procurados por seu advogado para 'fazer edições melhores', como o autor alega. O Departamento Jurídico da Editora Abril — este, sim, contatado pelo advogado do autor — foi orientado a não utilizar o nome de Don Rosa para fins de divulgação, pois isto poderia caracterizar uso indevido de nome e imagem para promover a venda de produtos. Seu nome também não pode figurar, proeminentemente, em obras no estilo Mestres Disney ou Hall da Fama sem a devida autorização do autor. Esta orientação tem sido seguida à risca pela Abril. De fato, a aprovação da formatação das histórias cabe exclusivamente à Disney, detentora dos direitos autorais das histórias do Tio Patinhas. A Abril, que publica os quadrinhos Disney no Brasil ininterruptamente há 64 anos, tem trabalhado obras representativas em diferentes formatos e encadernações, incluindo A Saga do Tio Patinhas. Creio que cabe ao público avaliar a qualidade desse trabalho.


Por E. Rodrigues

7 comentários:

  1. Ele disse algo bem parecido em entrevista ao jornal O Globo, publicada na quarta-feira passada:

    http://oglobo.globo.com/cultura/livros/autor-de-algumas-das-melhores-hqs-do-tio-patinhas-don-rosa-participa-da-comic-con-experience-14722780

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  2. E Canini, Barks, Rosa não seriam conhecidos justamente porque a Abril joga holofotes em suas obras? (No caso de Barks, desde há décadas, a propósito. Era o único artista Disney que eu, ainda menino, já conhecia. Graças à editora.)

    Não seria o caso de uma mão lava a outra?

    O próprio Rosa não construiu sua obra ostensivamente em cima do trabalho de Barks?

    E. Rodrigues

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  3. Excelente análise, Planeta Gibi. Afinal, Don Rosa só usou o que Disney criou.Em tempo: VIVA O PENINHA!!!

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  4. De fato, A Saga do Tio Patinhas é uma delícia de ser lida.

    Mas não é uma obra seminal. Nem sequer é a HQ "definitiva" sobre Tio Patinhas.

    Ora, se alguma HQ merecesse essa duvidosa honraria, que fossem as HQs (aí sim, seminais) de Barks!

    E. Rodrigues

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  5. Saudações, Planeta Gibi!
    Olha, até entendo a posição de Don Rosa quando diz que sua obra deveria ser publicada em “edições melhores”, pois, convenhamos, a primeira vez que a Abril publicou a Saga do Tio Patinhas as edições, que foram duas, eram um horror no quesito acabamento, no sentido de ser uma encadernação precária (algumas páginas se soltavam, o papel ficava enrugado, a dobra da encadernação era barulhenta e ondulada e, claro, era em “formatinho”, coisa que fãs americanos de comics não conseguem entender). Tudo bem, até entendo que esse material era mais barato e deveria atingir um público maior. Quando a Editora Abril republicou a Saga em formato americano e em papel e encadernação de melhor qualidade, não havia entendido a supressão do nome de Don Rosa nas novas edições. Acho que agora já compreendo devido a essa “luz” sobre o caso Abril/ Rosa. Polêmicas de lado, o que deve prevalecer é o trabalho final dos personagens que amamos e adoramos ler, como é o caso da Família Pato. Sim, as histórias feitas pelo mestre Rosa são fantásticas, mas em nada superam àquelas do grande Barks, este sim, um verdadeiro gênio que, por muito tempo, ficou escondido do grande público.
    E VIVA O PENINHA!!! Pois as histórias do primo do Donald arquitetadas pela equipe brasileira nos anos 1970 e 1980 são clássicas.
    Odair.

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  6. Não faço nenhuma questão de ver o nome do Don Rosa estampado na capa de uma revista. Os personagens são do universo Disney, e não propriedades do Rosa. Logo, ter o nome dele na capa (ou não), pelo menos para mim, é algo irrelevante. Ainda mais ele, sempre cheio de frescuras. Quer ser maior que os personagens que ele desenhou, mas isso ele nunca será. O universo Disney é um aglomerado de diversos desenhistas e roteiristas. o Rosa é apenas um deles. Nada além disso.

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  7. Um verdadeiro absurdo a "qualidade" com a qual a Abril publica as obras Disney. Don Rosa ficou indignado, entre outras coisas, com essa péssima qualidade.
    E claro que deveria se dar mais DESTAQUE e DINHEIRO para autores com a qualidade de Don Rosa. Somente assim os personagens Disney passariam a atrair a atenção de outros roteiristas/desenhistas talentosos.
    O modelo da Disney de explorar esses personagens está ultrapassado e a Abril se aproveita disso de maneira vergonhosa para nos servir estes lixos de quadrinhos minúsculos onde, por exemplo, as homenagens "D.U.C.K." que o Don Rosa coloca como easter egg em suas histórias SE PERDEM devido a má qualidade da publicação.

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