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25 de agosto de 2011

PATETA FAZ HISTÓRIA #4 — ago/11

Por E. Rodrigues & Rivaldo Ribeiro

Beethoven e Daniel Boone são os ilustres satirizados em PATETA FAZ HISTÓRIA #4, que está sendo lançado nesta semana. Pateta como Daniel Boone, inédita no Brasil, reconta a história de um dos mais conhecidos desbravadores do território americano — também alvo de um seriado de TV nos anos 1960 e 70. A HQ não deixa de homenagear o também pioneiro Davy Crockett, cujas aventuras adaptadas para a televisão renderam à Disney rios de dinheiro.



PATETA FAZ HISTÓRIA como Beethoven
Por Planeta Gibi. Ludwig van Beethoven foi uma daquelas personalidades que desde criança surpreenderam por suas habilidades inatas. E a HQ que abre esta edição faz divertido uso dessa característica, como o choro “em si bemol” do bebê Pateta, segundo seu pai.

Na vida real, contudo, logo surgiu a obsessão do pai em tornar o filho prodígio um novo Mozart, sobrecarregando-o de aulas de música desde cedo. Esse relacionamento algo conflituoso é habilmente convertido pelos quadrinistas numa comédia abrutalhada, incluindo a substituição do alcoolismo do Sr. van Beethoven pelo vício por comida. Já o notório afeto que o filho nutria pela mãe é muito bem transmitido por Pateta no desenrolar da trama, sobretudo perto de sua conclusão, quando um acidente ocorre. Ainda assim, Maria Magdalena van Beethoven não tem seu nome mencionado nos quadrinhos, ao contrário do pai, Johann, numa rara citação do gênero nessa série.

Literalmente carregando o piano nas costas, o talento de Pateta Beethoven ganha notoriedade pública (e muito dinheiro) ao ar livre, nas ruas de Viena. De fato, é sabido que o músico não se desincumbiu de carregar seu fardo, cuidando de seus irmãos mais novos quando seus pais faltaram.

Outra vez relegado a papel menos do que secundário, Mickey aparece aqui como Mozart. Muitos biógrafos relatam que Beethoven chegou a ter algumas poucas aulas com esse célebre gênio musical. Outros, porém, contestam essa versão. Curiosamente, Pateta também teve seu dia de Mozart: em 1990, o gibi americano GOOFY ADVENTURES 4 publicou uma gag de uma página, sem palavras, com o título Pateta Mozart: Momentos Inspirados dos Grandes Compositores #1. E já que o tema é música, a tradução brasileira abre espaço para citar até o cantor Roberto Carlos, repare.

Comum nessas histórias, as menções e aparições de eletrodomésticos inimagináveis na época retratada, como o televisor e a geladeira, dão aquele peculiar toque de nonsense à trama, e que tão bem se ajusta à personalidade sempre inocente de Pateta, não importa qual personagem ele esteja encarnando.

Uma outra curiosidade, por fim, é a associação visual que podemos fazer, hoje, do Patetinha em fraldas que aparece na abertura da HQ com os personagens Baby Disney, uma criação brasileira de meados da década de 1980. Pensados para estrelar algumas linhas de produtos, as versões bebê de Mickey, Donald, Pateta e até de João Bafo-de-Onça, entre outros, logo ganhariam seus quadrinhos, produzidos na França.

Roteiro: Cal Howard
Desenhos: Hector Adolfo de Urtiága
Arte-Final: Rubén Torreiro
Publicada primeiro em 1978


PATETA FAZ HISTÓRIA como Daniel Boone
Por Planeta Gibi. Quando David Crockett nasceu, Daniel Boone tinha lá seus 51 anos. O fato de ambos terem sido heróis populares, desbravadores do território norte-americano e nascidos em estados vizinhos provoca no público, até hoje, uma confusão entre suas identidades.

Confusão agravada a partir da adaptação de suas aventuras para o cinema e televisão, onde frequentemente Boone aparece usando o chapéu de guaxinim que, na verdade, era característico de Crockett. E sobretudo porque o ator Fess Parker viveu os dois personagens nas telas, tanto na série de filmes com Davy Crockett produzida pela Disney na década de 1950 como no seriado de TV dedicado a Daniel Boone, alguns anos depois.

É por isso que a segunda aventura deste volume se desenrola sobre essa confusão entre um e outro, e acaba por homenagear e citar os feitos dos dois. Claro, com o bom humor e as piadas características da série e com um Pateta Boone eventualmente se irritando com tantas comparações.

Há duas passagens bem marcantes na HQ. A primeira é a aparição da mãe do protagonista. Nunca vimos nos quadrinhos a "verdadeira" mãe de Pateta, mas essa aqui mostrada é claramente inspirada na esquentada Tia Giselda. A personagem foi criada em 1976 e foi muito utilizada, em seguida, pelos artistas que criaram essas aventuras de Pateta Faz História — inclusive ela irá aparecer em breve em nossa coleção, em Pateta Robinson Crusoé. Giselda também caiu no gosto dos brasileiros e chegou a participar de meia dúzia de histórias produzidas pelos Estúdios Abril, nos anos 1980.

Outra sequência que impressiona pelo vigor e habilidade com que foi desenvolvida é a perseguição de Pateta e Mickey por um enorme urso. O ritmo é puramente cartunesco, com elementos disneyanos de pronto identificáveis — como o próprio traço do animal. A dificuldade de se obter esse resultado em quadrinhos é que torna tão rara ou ineficiente a transposição de desenhos animados de ritmo acelerado para o papel. Aqui, essa tarefa é cumprida de forma admirável.

Tanto o surgimento do urso como, pouco antes, o hábito de Pateta Boone de marcar o tronco das árvores são menções a fatos reais. Com efeito, dentre o acervo do Museum of the Filson Historical Society em Louisville, Kentucky, há justamente parte de um tronco com a inscrição "Daniel Boone Matou um Urso", feita em 1803. Tal registro chegou a inspirar um dos episódios da série televisiva do personagem.

A Disney considera Davy Crockett o seu mais conhecido programa de TV. Vencedor do Emmy de melhor seriado de aventura em 1956, virou mania nacional e alçou Fess Parker ao estrelato. Mas o público foi surpreendido com a morte do herói logo no terceiro episódio. Walt Disney logo percebeu o erro cometido e providenciou mais dois, contando lendas de Crockett. Para azar dos guaxinins, o programa desencadeou uma febre pelos gorros feitos com suas peles. A canção The Ballad of Davy Crockett, lançada no seriado, atingiu o 1º lugar na parada, vendeu 10 milhões de discos e ganhou dezenas de regravações. No final dos anos 1980, a Disney produziu cinco novos episódios, na tentativa malsucedida de reviver tal frenesi. Em 2001, porém, as 150 mil cópias "limitadas" da caixa de DVDs contendo todos os episódios clássicos esgotaram-se rapidamente.

Nos quadrinhos Disney, Davy Crockett teve mais de uma dúzia de HQs. A primeira delas foi publicada em mai/55, adaptando o primeiro episódio da TV. Nos gibis brasileiros, apenas três de suas aventuras foram publicadas, incluindo Terra do Velho Oeste (em TIO PATINHAS 62, set/70), com introdução de Vovó Donalda, Huguinho, Zezinho e Luisinho.

Também houve uma versão mirim de Crockett nos quadrinhos, o Li'l Davy. Contracenando mais comumente com Mickey, algumas de suas aventuras, desenhadas por artistas como Al Hubbard e Jack Bradbury, chegaram a sair por aqui. Seu nome, no entanto, teve as mais diversas traduções, de João Castor a Pequeno Davi.

Em 1980, os brasileiros Gérson Teixeira e Euclides Miyaura criaram uma das muitas personalidades alternativas de Peninha. Penael Bung (referência a Daniel Boone, claro) estrelou a HQ A Colonização e o Croquete — novamente mencionando os dois pioneiros numa mesma história. Publicada primeiro em EDIÇÃO EXTRA 106, cinco anos depois o especial DISNEYLÂNDIA 30 ANOS deu-lhe nova introdução e um epílogo.

Pouco se comenta, mas Boone também teve episódios live-action produzidos pela Disney. Foram quatro, entre 1960 e 1961 — muito antes, portanto, do seriado produzido pela NBC. Dewey Martin foi o astro dessa produção disneyana. Os episódios de ambos os heróis foram ao ar no programa que, por anos seguidos, foi transmitido aqui pela TV Globo com o nome de Disneylândia, o Mundo Maravilhoso de Cores, cujos apresentadores mais frequentes foram o Prof. Ludovico e o próprio Walt Disney.

PATETA FAZ HISTÓRIA como Daniel Boone
Roteiro: Floyd Norman
Desenhos: Anibal Uzál
Produzida em 1985 e publicada pela primeira vez em 1991


Editora Abril, coleção em 20 volumes semanais, 100 páginas cor, formato 14,7 x 20,7 cm, R$ 9,95
Editor: Paulo Maffia






PRÓXIMAS EDIÇÕES:




8 comentários:

  1. As pessoas não entendem muito o persoagem João Bafo-de-Onça. Querem que ele seja excluído do núcleo de personagens bons por se tratar um sjeito fanfarrão que ocmete crimes e delitos. Querem igualá-lo ao Mancha Negra, querem ver ódio e sede de matar no personagem.
    Eu sou do raro time que gosta do João Bafo fanfarrão. Criminoso? Pode ser. Mas não precisa ser algo tão pesado. Na vida há também o meio termo e acreditoque o personagem representa bem isso - um ser que não tem pueres em fazer coisas erradas, mas nem por isso é uma ameaça terrível à sociedade.
    Tanto é que, ao que venho observado, João Bafo ocupa papéis importantes nessas tramas do Pateta, algumas vezes é até rei.
    Sei que os adoradores do estilo Paul Murry de ser não concordam, mas, o material está aí, impresso,para comprovar que essa ideia de um Bajo mal-caratér, porém, socializável não vem de hoje. E confesso que gosto muito.

    Abraços. Fabiano Caldeira.

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  2. Não encontrei os almanaques do Tio Patinhas,Pato Donald,Mickey e Zé Carioca nas bancas.Houve atraso no lançamento dos almanaques?Alguém pode me dizer o que aconteceu?

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  3. Com o fim da distribuição setorizada - que agora é nacional - alguns lugares ficam sem determinados exemplares. Há de se verificar qual é o caso: se o dono da banca optou por não pegar agora (o que é mais frequente) ou se o material não chegou à distribuidora mais próxima.

    Fabiano Caldeira.

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  4. Na verdade, o dono da banca não tem como optar. Ele recebe o que a Dinap determina.

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  5. "Na verdade, o dono da banca não tem como optar. Ele recebe o que a Dinap determina."

    Aqui em Ribeirão Preto há um posto da DINAP e o que um dono de banca já disse pra mim que é o seguinte:

    - é a DINAP quem determina quando vai começar a disponibilizar as revistas para distribuição;

    - a partir da data em que a DINAP disponibiliza, o dono não pode escolher esta ou aquela revista porque há certos pacotes já estabelecidos, formados. Se a revista do Mickey chama a atenção, por exemplo, o dono vai ter que optar por um pacote em que ela esteja incluída (ainda que façam parte outros tipos de revistas com assuntos nada a ver com o que ele queira).

    E as seis revistas mensais de quadrinhos Disney de agora não ficam todas incluídas em um mesmo pacote, ou seja, elas são colocadas em meio às outras, em pacotes diferentes.

    Eu sou leigo no assunto, mas estou apenas repassando informação que peguei em banca há um certo tempo atrás, quando eu procurava pela Pateta 01 e o dono simplesmente me informou que "não quis pegar" e que, se dependesse dele, só iria vender Mickey, Donald e Patinhas.

    Até aonde isso é verdade, já não sei.

    Fabiano Caldeira.

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  6. Eu vi na internet que o lançamento dos almanaques é dia 25-08 e não dia 20-08.Talvez seja por isso que eu não encontrei os almanaques na banca.Será que da próxima vez eu vou encontrar esses almanaques?

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  7. Fale com o dono da banca e peça a ele. Ele não pode escolher uma-a-uma das revistas, mas pode ser que, pelo seu pedido, ele pegue o pacote de revistas aonde estão incluídos alguns almanaques.

    Normalmente eles fazem isso.

    Aqui, depois que banquei o chato com o tiozinho da banca que disse não querer vender Pateta, sempre tenho visto esse título nas bancas.
    Vai saber o que ele fez... só sei que ele não deixou faltar mais.
    Fale com o dono da banca.

    Fabiano Caldeira.

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