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31 de agosto de 2011

PATETA FAZ HISTÓRIA #5 — set/11

Por E. Rodrigues & Rivaldo Ribeiro

Um fato relevante é comum a ambas HQs de PATETA FAZ HISTÓRIA #5: Franklin tem lugar de destaque na conquista da independência americana, enquanto Eiffel contribuiu para a construção do monumento que comemorou o centenário daquele evento, a Estátua da Liberdade. Além disso, é a primeira vez que essas histórias saem em português e coloridas no Brasil. Curiosa também é a inspiração pelo curta clássico Ben e Eu (confira no Jogo dos 7 Erros).


PATETA FAZ HISTÓRIA como Benjamin Franklin
Por Planeta Gibi. No final da década de 1980, a Editora Abril lançou uma série especial com Pateta Faz História. Em formatão e acabamento de luxo, cada um de seus quatro números trouxe uma aventura inédita e... em inglês! Naquele ano de 1989, havia demanda por quadrinhos assim, para uso no aprimoramento do aprendizado da língua, cada vez mais requerida pelo mercado. Então, edições especiais em inglês de PATO DONALD, MICKEY, TIO PATINHAS e MARGARIDA foram lançadas. No ano seguinte, a ideia acabou virando um título mensal, onde até METRALHAS e PROF. PARDAL, por exemplo, acabaram intitulando edições.

As duas HQs deste volume só haviam sido publicadas antes no Brasil uma única vez, justamente naquela coleção especial — que trazia encartes reproduzindo todos os quadrinhos, devidamente vertidos para o português, porém de forma monocromática e em tamanho reduzido. Esta é a primeira vez, portanto, que os leitores brasileiros poderão acompanhar essas obras em cores em sua língua.

Pateta Benjamin Franklin traz uma das maiores curiosidades da série. Com exceção de sua longa introdução (bem ao gosto de seus criadores, mostrando as hilárias desventuras da família Pateta às voltas com a infância e adolescência de nosso personagem), o restante da história traz claras referências ao míni clássico animado Ben e Eu, produzido pela Disney em 1953 (com direção do lendário Hamilton Luske, de A Dama e o Vagabundo, 101 Dálmatas e Donald no País da Matemágica, entre muitos outros). Alguns quadrinhos chegam a reproduzir fotogramas da animação, como aqueles que mostram o povo nas ruas e nas janelas lendo o jornal impresso por Franklin, seu desembarque no retorno da Inglaterra e a leitura da Declaração da Independência dos Estados Unidos.

E não só. Em Ben e Eu, um ratinho chamado Amos (uma réplica de Zezé, do clássico Cinderela, lançado três anos antes) desempenha papel essencial nas descobertas de Franklin — aqui, é inevitável o paralelo com Ratatouille, genial animação da Disney-Pixar, de 2007. E se Amos sofre como eventual cobaia do cientista em seus experimentos, em especial nos que envolvem eletricidade, nos quadrinhos é Mickey quem, novamente, serve de escada para as maluquices de Pateta.

Ben e Eu ganhou duas adaptações para os quadrinhos. A primeira, para as páginas dominicais de jornais, saiu no mesmo ano que a animação. Essa versão, com roteiro de Frank Reilly, desenhos de Manuel Gonzales e arte final de Dick Moores, publicada aqui pela última vez em ALMANAQUE DISNEY 104, em 1980. Em 1954, o sensacional co-criador de Peninha, Ronrom, Urtigão e Cão, o desenhista All Hubbard, ilustrou o roteiro de Del Connell, numa versão expandida e mais arejada (inédita no Brasil).

Pateta Benjamin Franklin traz outros dois ilustres personagens Disney. João Bafo-de-Onça, que aparece em apenas três quadrinhos, sem muita importância, e Clarabela, que entra na trama em grande estilo, no papel de Betsy Ross, célebre nos Estados Unidos por ter sido a primeira pessoa a costurar a bandeira americana. Apesar de curta, a passagem de Clarabela é importante: é dela a linha do papagaio usado por Franklin na notável experiência com descargas elétricas.

Aliás, tão notável que por diversas vezes foi mencionado nos quadrinhos Disney. Em Donald Fala Sobre Pipas, por exemplo, Carl Barks reforça a recomendação de nunca empinar papagaio na chuva ou entre os fios, esclarecendo que Franklin teve muita sorte de não ter sido eletrocutado em seu experimento. A história foi produzida especialmente para uma empresa de energia elétrica americana, com distribuição gratuita em 1954. No Brasil, essa raridade saiu unicamente em O MELHOR DA DISNEY 37, de 2008.

Outra HQ interessante é O Relógio do Tempo, onde Mickey viaja ao passado com Jeremias, tio do Pateta, e chega a conversar com o próprio Benjamin Franklin. Com roteiro de Bill Walsh e desenhos do mestre Floyd Gottfredson, a história saiu em tiras nos jornais americanos entre 1951 e 52, sendo compilada em seguida e publicada no Brasil em O PATO DONALD 86 a 88 (1953).

Roteiro: Cal Howard
Desenhos: Anibal Uzál e Hector Adolfo de Urtiága
Arte-Final: Carlos Valenti
Publicada primeiro em 1982



PATETA FAZ HISTÓRIA como Gustave Eiffel

Por Planeta Gibi. Um fato relevante é comum às duas HQs deste volume. Franklin tem lugar de destaque na conquista da independência americana, enquanto Eiffel contribuiu para a construção do monumento que comemorou o centenário daquele evento, a Estátua da Liberdade.

E é justamente na Estátua que começa uma das mais debochadas sátiras desta coleção. Pateta Gustave Eiffel traz o visual anárquico e as situações absurdas características das primeiras produções desta série. São as placas com mensagens esdrúxulas espalhadas pelo interior da estátua, Mickey escalando sua escadaria com um piano nas costas, a decisão de Pateta de construir sua torre na horizontal (com dobradiças na base, para facilitar seu posicionamento final!), o ridículo destino dos únicos dois automóveis de Paris... Tudo permeado de personalidades europeias, como as aparições distintas do compositor Claude Debussy e da atriz Sarah Bernhardt — que Pateta confunde com uma garçonete e, seu chapéu, com um prato do menu do restaurante onde se encontram! —, e muitas outras que são apenas mencionadas, como Guy de Maupassant, Sigmund Freud, Alexandre Dumas filho... E não seria Pablo Picasso, no meio das árvores, gritando "Vive la Paix"? Pois sim. O leitor dedicado, que prestar bastante atenção às gags visuais, à profusão de nomes célebres e aos comentários não raros egocêntricos de Eiffel, irá se divertir mais. Porém, nem o mais distraído deles deixará de notar a inventividade dos artistas desta HQ na desconcertante sequência em que Pateta e Mickey surgem em cena na horizontal, passeando pelo interior na torre deitada, em construção.

Duas outras figurinhas carimbadas Disney dão as caras aqui. João Bafo-de-Onça, como um coletor de impostos (que entra mudo e sai calado) e Clarabela (muito expressiva, até demais, deve ter achado nosso pobre protagonista), no papel da atriz.

Se a explicação de Pateta para erigir estrutura tão gigantesca, contrariando o que lhe fora solicitado, já não fosse divertida o suficiente, os autores ainda lhe reservam um desfecho impagável, em contraponto à recorrente megalomania de Eiffel, que passa toda a história se vangloriando de suas realizações.

Mickey e Pateta já estiveram juntos em algumas aventuras envolvendo a famosa torre. Em Topolino e il Caso Eiffel, produção italiana de 1989 (inédita no Brasil), nossos amigos viajam no tempo para descobrir por que a torre havia sido inicialmente projetada para ser uma nave espacial.

Já em Tudo por Amor, os Metralhas roubam a Estátua da Liberdade e a Torre Eiffel para impressionar um garota (publicada em TIO PATINHAS 428, em 2001).

Gustave Eiffel também é citado na HQ Zio Paperone e il Centenario (+Uno) Bullonario, aventura que conta como foi inaugurada a torre — mas Tio Patinhas está interessado, mesmo, é num suposto tesouro escondido pelo construtor.

Desenhos: Horacio Saavedra
Arte-final: Carlos Valenti e Rubén Torreiro
Publicada primeiro em 1980



Editora Abril, coleção em 20 volumes semanais, 100 páginas cor, formato 14,7 x 20,7 cm, R$ 9,95
Editor: Paulo Maffia


JOGO DOS 7 ERROS




cenas de Ben e Eu X quadrinhos de Pateta Benjamin Franklin



6 comentários:

  1. Salve amigos do Planeta Gibi, esta postagem está tão completa e bacana que coloquei um link lá no meu blog Universo Disney direto para esse post. Parabéns Rodrigues e Rivaldo está muito legal.

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  2. Resumos de cada um desses nossos textos são publicados nos próprios gibis, Ludy, repare. Ficamos gratos pelas palavras. Abraço.

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  3. Me esqueci de comentar no post anterior, mas o Pateta como Newton não foi publicado naquela edição do Mickey a qual se referem. Naquela edição, se não me engano, o Newton é o próprio Mickey, não fazendo parte, portanto, da coleção Pateta Faz História.
    Desta forma gostaria de saber se aquela história é inédita.

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  4. Eu tava achando isso, que esses textos caberiam nos volumes realmente. Ainda não li nenhum deles, então n tinha ainda tirado essa dúvida.
    Enfim, PARABÉNS pelo trabalho e reconhecimento!!!

    PS.: eu acho q ainda n entendi o lance dos 7 erros, rsrs

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  5. Lgscheid, nem todos os episódios da série são protagonizados por Pateta. Marco Polo e Newton, por exemplo, são Mickey. Vasco da Gama é "o próprio" (Pateta é supostamente Bartolomeu Dias). E assim por diante. As primeiras HQs da série são de uma primeira série (vide o post dos volumes 1 e 2), onde se inclui Newton,de sátiras históricas produzidas para um gibi-brinde americano. A ideia foi expandida e virou ssas histórias de 44 páginas que temos agora nesta coleção.

    Sergio, o "jogo dos 7 erros" é uma brincadeira com o fato de que há cenas em Pateta Faz História que foram copiadas de / para outra obra. (Ou serviram de inspiração, digamos assim.)

    Abraços.
    E.Rodrigues

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  6. Essa coleção é ótima! E os textos, eu nem tenho como expressar a grandiosidade do que leio aqui.
    Parabéns!

    Fabiano Caldeira.

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